sábado, 23 de julho de 2011

Linguagem Literária e Linguagem Não-literária

LINGUAGEM NÃO-LITERÁRIA




A linguagem não-literária possui apenas um significado e permite apenas uma interpretação de seu texto, ela é objetiva e a linguagem denotativa é amplamente empregada, ou seja, usa-se palavras que assumem os significados dos primeiros conceitos definidos nos dicionários. A linguagem não-literária é utilitária, ela tem o objetivo de informar, de retratar a realidade com fidelidade. Esta linguagem é encontrada em livros didáticos (de História, Química, Biologia, Geografia etc), revistas, receitas culinárias, sites de notícias, bulas de remédios, textos jornalísticos e científicos em geral. O texto não-literário também é a base para a redação oficial, que é empregada em documentos de órgãos públicos, na elaboração de leis, editais de concursos públicos e é a encontrada na Constituição Federal de 1988, que tem a obrigação de ser clara e entendida por qualquer cidadão alfabetizado, independente de sua origem e localização geográfica no território nacional. A linguagem não-literária ainda é largamente empregada por apresentadores de telejornais, em reportagens, nas comunicações em locais de trabalho e ambientes formais.

LINGUAGEM LITERÁRIA

A linguagem literária é caracterizada por sua plurissignificação, ou seja, uma palavra, frase ou texto podem assumir vários significados. A base desta linguagem é o emprego da conotação, que é o uso de palavras que assumem conceitos diferentes daqueles definidos nas primeiras explicações dos dicionários.
O texto literário permite várias leituras e interpretações, ele também não tem a intenção de informar, retratar ou recriar a realidade com fidelidade. A linguagem literária é a expressão da realidade interior e subjetiva do autor.
A produção de um texto literário consiste na valorização da forma, que pode vir a levar o leitor a uma reflexão sobre a realidade. Esta linguagem é amplamente empregada em poemas, contos, romances, peças de teatro, músicas, novelas, crônicas, poesias e quaisquer outras expressões artísticas.

CODINOME BEIJA-FLOR
Pra que mentir
Fingir que perdoou
Tentar ficar amigos sem rancor
A emoção acabou
Que coincidência é o amor
A nossa música nunca mais tocou...
Pra que usar de tanta educação
Pra destilar terceiras intenções
Desperdiçando o meu mel
Devagarzinho, flor em flor
Entre os meus inimigos, beija-flor
Eu protegi o teu nome por amor
Em um codinome, Beija-flor
Não responda nunca, meu amor
Pra qualquer um na rua, Beija-flor
Que só eu que podia
Dentro da tua orelha fria
Dizer segredos de liquidificador
Você sonhava acordada
Um jeito de não sentir dor
Prendia o choro e aguava o bom do amor
Prendia o choro e aguava o bom do amor.

A música Codinome Beija-flor escrita por Cazuza, Ezequiel Neves e Reinaldo Arias e interpretada primeiramente pelo próprio Cazuza, permite várias interpretações da mesma. Muitas pessoas que analisaram a letra da música e conhecem a história do artista afirmam que ela foi uma mensagem de Cazuza para Nei Mato Grosso. Outras dizem que ela foi escrita para Frejat, seu ex-companheiro de banda. Mas provavelmente a música não fez tanto sucesso por ser uma mensagem entre Cazuza e outro artista, mas sim por permitir inúmeras interpretações para quem ouve, sendo talvez a principal delas, a despedida em um fim de relacionamento. O que caracteriza a linguagem deste texto ser genuinamente literária.

LINGUAGEM LITERÁRIA X LINGUAGEM NÃO-LITERÁRIA

A linguagem literária e a linguagem não-literária não podem ser distinguidas unicamente pelo caráter ficcional ou não-ficcional de um texto. Pois em termos práticos, o mesmo texto pode ser visto tanto ficcional quanto não-ficcional, dependendo do leitor. Por exemplo, um cristão mais devoto pode considerar que todos os textos bíblicos são detentores de uma verdade inquestionável, já uma pessoa mais cética, pode considerar absurdas algumas passagens da bíblia que a ciência não poderia reconhecer como possível.
Um dos principais critérios utilizados para se diferenciar um texto literário de um texto não-literário é a sua finalidade. O texto não-literário geralmente possui uma utilidade, ele é criado para um objetivo, uma função, que pode ser a de explicar, orientar, convencer, responder etc.
Já o texto literário pode assumir como finalidade uma função nula, ou simplesmente estética, que é para enaltecer o belo, para o prazer puro e simples do ouvinte e satisfação do autor. A função estética permite que as palavras assumam um novo significado, diferentemente daqueles apresentados nos primeiros conceitos dicionários. É a chamada linguagem conotativa, que é criada a partir dos significados denotativos das palavras. Permitindo se ter tantos significados quantos a criatividade humana permitir.

QUESTÕES DE VESTIBULARES

(UEPA-2011) Meu Guri (Texto I)
Quando, seu moço, nasceu meu rebento
Não era o momento dele rebentar
Já foi nascendo com cara de fome
E eu não tinha nem nome pra lhe dar.
(Chico Buarque de Holanda)

01 – A partir da leitura do Texto I, afirma-se que:
a) Cara de fome indica que a circunstância de miserabilidade é resultado da falta de cuidado que os pais têm com os filhos.
b) O rebente nasceu repentina e inesperadamente, pois sua mãe estava desempregada e sem casa.
c) Cara de fome relaciona-se com a falta de oportunidades dadas para a alguns segmentos da sociedade.
d) O rebento nasceu em um momento inoportuno, embora a família apresentasse boas condições financeiras.
e) Não tinha nem nome pra lhe dar indica que a família estava indecisa quanto ao nome da criança.

RESPOSTA: c

COMENTÁRIOS:
Alternativa "a": "Cara de fome" indica que os pais não tem condições de sustentar seu filho de maneira digna. Não que ele não queira cuidar da criança.

Alternativa "b": ninguém nasce de repente, inesperadamente. E o trecho em destaque da música de Chico Buarque não diz em nenhum momento que sua mãe está desempregada e sem casa.

Alternativa "c": "Cara da fome" está diretamente ligada a falta de oportunidade que algumas classes da sociedade sofre por parte do governo.

Alternativa "d": Se o rebento nasceu com cara de fome, é porque não tinham comida para dar para a criança. O que nos faz entender que a família não se encontrava em boas condições financeiras.

Alternativa "e": Não ter nem um nome para dar para criança nos remete que o "nem" diz que se não tinham um nome, não teriam também condições financeiras de criá-lo.

Brasis (Texto II)
Pede paz, saúde
Trabalho e dinheiro
Pede pelas crianças
Do país inteiro
Lararará!...
(Seu Jorge, Gabriel Moura, Jovi Joviniano)

02 - Sobre o Texto II, cuja ideia central é a sociedade brasileira, afirma-se que:
a) o clima seco da Região Norte é o principal responsável pelas mazelas sociais que estão presentes no Brasil.
b) a falta de oportunidades no setor agrícola brasileiro promove consideráveis problemas socioeconômicos, político e cultural.
c) paz, saúde, trabalho e dinheiro representam os setores da sociedade brasileira que estão sendo trabalhados pelo governo.
d) as crianças de todo Brasil estão amparadas pelas famílias, por isso não precisam de políticas públicas.
e) o governo brasileiro é omisso em determinadas situações, pois há grandes desigualdades e problemas sociais.



RESPOSTA: e

COMENTÁRIOS:
Alternativa "a": A Região Norte não possui um clima seco, é quente e úmido.

Alternativa "b": A maioria esmagadora da população não está no campo, mas sim nas cidades.

Alternativa "c": A música está fazendo uma crítica justamente pela falta destes itens junto à sociedade.

Alternativa "d": A alternativa é absurda por si só.

Alternativa "e": Esta alternativa está de acordo com a realidade, e também é o tema abordado na música em questão.

03 - A leitura dos Textos I e II evidencia que o ponto em comum entre eles é a preocupação com:
a) todas as crianças brasileiras.
b) ausência de ações de políticas públicas.
c) o desemprego.
d) a desigualdade social.
e) a violência desenfreada.

RESPOSTA: b

COMENTÁRIOS:
Alternativa "a": Convenhamos, nem todas as crianças do país precisam da ajuda do governo.

Alternativa "b": Este é o ponto em comum, é o tema abordado nas duas músicas.

Alternativa "c": Não é falado de desemprego na primeira música.

Alternativa "d": É evidente que há desigualdade social, inclusive que fica subentendido isso nas duas músicas, mas não é o que elas estão abordando.

Alternativa "e": A violência não é ao menos mencionada na primeira música.

(ENEM-2010)            Machado de Assis
Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839. Filho de um operário mestiço de negro e português, Francisco José de Assis, e de D. Maria Leopoldina Machado de Assis, aquele que viria a tornar-se o maior escritor do país e um mestre da língua, perde a mãe muito cedo e é criado pela madrasta, Maria Inês, também mulata, que se dedica ao menino e o matricula na escola pública, única que frequentou o autodidata Machado de Assis.
Disponível em: http://www.passeiweb.com. Acesso em: 1 maio 2009.

04 - Considerando os seus conhecimentos sobre os gêneros textuais, o texto citado constitui-se de
a) fatos ficcionais, relacionados a outros de caráter realista, relativos à vida de um renomado escritor.
b) representações generalizadas acerca da vida de membros da sociedade por seus trabalhos e vida cotidiana.
c) explicações da vida de um renomado escritor, com estrutura argumentativa, destacando como tema seus principais feitos.
d) questões controversas e fatos diversos da vida de personalidade histórica, ressaltando sua intimidade familiar em detrimento de seus feitos públicos.
e) apresentação da vida de uma personalidade, organizada sobretudo pela ordem tipológica da narração, com um estilo marcado por linguagem objetiva.

RESPOSTA: e

COMENTÁRIOS:
Alternativa "a": fatos ficcionais são os criados, de uma linguagem literária, então não pode ser essa alternativa.

Alternativa "b": Não fala da vida de membros da sociedade, mas da vida de um membro específico dela.

Alternativa "c": O texto faz uma breve biografia da vida do autor, não destaca seus principais feitos.

Alternativa "d": O texto faz uma breve e superficial biografia do autor, não explora seu aspecto mais íntimo, afinal, nada que não pudesse ser de conhecimento geral sobre sua vida.

Alternativa "e": É a correta, está clara e aborda uma linguagem não-literária.


Nenhum comentário:

Postar um comentário